segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Gatos que convivem com cães quase sempre dão as cartas

DAYA LIMA
da Revista da Folha

Esqueça aquela velha história de inimigos mortais. Diferentemente do que retratam filmes e desenhos animados, cães e gatos costumam conviver em harmonia e, pasmem, a soberania é quase sempre felina.

"Os gatos são mais territoriais e, por isso, têm fama de durões", explica a veterinária especializada em felinos Graziela Maria Vieira. "Já os cachorros são mais sociais e administram bem um animal de espécie diferente no mesmo espaço."

Na casa do estudante Silvio Crisostomo e da supervisora Lela Santos, ambos 36, quem realmente manda é Atina. Aos três anos, a gata SRD (sem raça definida) faz do labrador Geremias, 7, um verdadeiro capacho.

Newton Santos/Folha Imagem
Atina
Atina "adotou" Geremias; aos três anos, a gata SRD (sem raça definida) faz do labrador de sete anos um verdadeiro capacho

"Ela chegou para salvar Gerê de uma depressão profunda. Ele ficava muito sozinho e, segundo o veterinário, precisava de uma companhia", conta Silvio. Como a casa não comportava outro animal do mesmo tamanho, fizeram o teste com a gata, e deu certo.

Atina, que durante a reportagem brigava com o cão ao vê-lo receber afagos, captou a mensagem. "Ela adotou o cachorro a ponto de sentir ciúme dele", diz Lela. "Se brigamos com Gerê por causa de alguma travessura, ela fica ao seu lado e nos ignora."

Veterinário e professor de psicobiologia da PUC-SP, Mauro Lantzman faz um alerta sobre esses palpites, que interpretam como ciúme alguns comportamentos. "Quando bichos e humanos dividem o mesmo teto, algumas respostas a estímulos podem ser confundidos com personalidade."

Dona de dois cachorros e três gatos, a veterinária Fernanda Lorenzo, 25, comprovou a superioridade dos felinos. "Já tinha os cachorros quando os gatos vieram. Em questão de dias, os bichanos mostraram seus traços dominantes", afirma.

Na relação entre a gata Olívia e o cão IG, ambos sem raça definida, é ela quem dá as cartas. "Ele chega a chorar quando Olívia impede seu caminho." Já no caso da outra gata da família, a vira-lata Julieta, 4, a história muda um pouco, e ela costuma se adaptar ao comportamento dos cães. Se eles estão à beira da mesa pedindo comida, lá está ela fazendo o mesmo.

Sinal de que os gatos não são dominantes sempre. "Isso depende do ambiente social em que vivem e do temperamento do cachorro", frisa o veterinário Lantzman.

Como garantir uma convivência pacífica

- Gatos de pelos longos, como persas e angorás, são mais adaptáveis ao convívio com cachorros

- Para os cães, não existe uma raça adequada, basta que o animal seja dócil

- Quando o bicho novo chegar, deixe-o em um cômodo sozinho durante 24 horas

- O tempo irá ajudá-lo a reconhecer os movimentos da casa e fará com que os animais sintam os cheiros uns dos outros por debaixo da porta À esq., a gata Atina, que adotou o cão Geremias; à dir., a convivência pacífica entre os dois cães e os três gatos da veterinária Fernanda Lorenzo

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