quarta-feira, 25 de março de 2009

Métodos Diagnósticos da Leishmaniose Visceral e da Leishmaniose Tegumentar- reações cruzadas

O método diagnóstico preconizado pelo Ministério da Saúde para a identificação de cães com Leishmaniose é a sorologia ,por meio da qual se detecta anticorpos normalmente presentes em animais doentes, vacinados ou desafiados. Os métodos sorológicos apresentam sensibilidade e especificidade diferentes entre si,sendo, na maioria das vezes, utilizados como triagem. Além disso ,como há possibilidade de reações cruzadas com outros tripanossomatídeos, há necessidade de realização de exames parasitológicos confirmatórios que identificam o parasito ,ou seja ,mostram se o animal está realmente infectado. Concluindo, um animal vacinado, portador de anticorpos anti-Leishmania, apresentará resultado positivo em sorologia por alguns métodos licenciados pelo MAPA; porém, terá resultado negativo em qualquer método parasitológico ou citológico ,comprovando que não está infectado. Portanto, existem outros métodos de diagnósticos válidos para diferenciar animais vacinados de animais doentes.

Paralelamente á discussão sobre o diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina, existem dúvidas entre os Clínicos Veterinários pelo fato de que tanto a sorologia (RIFI e ELISA) utilizada na rede pública quanto o PCR realizado comercialmente não diferenciam cães infectados com Leishmaniose Tegumentar dos infectados com Leishmaniose Visceral. As normas da Vigilância Sanitária concordam que cães portadores de Leishmaniose Tegumentar não precisam ser obrigatoriamente sacrificados, nem são importantes na cadeia de transmissão da forma tegumentar.

Nos últimos anos, o Ministério da Saúde registrou a media anual de 35 mil novos casos de Leshmaniose Tegumentar e 4 mil casos de Leishmaniose Visceral em humanos no Brasil (MS,2000) . Entre 201 e 2005 foram notificados 196.239 casos de Leishmaniose Tegumentar humana ( MS, 2008 ) e 15.340 casos de Leishmaniose Visceral humana no Brasil (MS, 2008) , ou seja , a incidencia da Leishaniose Tegumentar é no mínimo 10 vezes superior a Leishmaniose Visceral. No mundo, são 1,5 milhões de casos de Leishmaniose Tegumentar e 500 mil de Leishmaniose Visceral. Estes números mostram que a Leishmaniose Tegumentar é uma doença de altíssima prevalência em humanos e, portanto devemos levar isso em conta quando realizamos o diagnóstico em cães, pois atualmente não há uma técnica específica para o diagnóstico de rotina para a Leishmaniose Tegumentar. Talvez parte dos animais com sorologia ou PCR positivos, inclusive os vacinados, estejam infectados com Leishmaniose Tegumentar.


Fonte:Technical Fort Dodge Update, 2008.

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